Teste + vídeo: novo Honda X-ADV 750

01/03/2018 02:03

A variedade de produtos disponíveis hoje, de diversos estilos e cilindradas, parece ter deixado pouco espaço aberto para ser preenchido por algo realmente novo e inovador. Uma categoria que ainda tem potencial para isso é a de scooters, em franco crescimento nos últimos anos e cada vez mais adotados devido à facilidade de condução. No Brasil passamos a ter recentemente novas opções intermediárias, como o SH 300, e os importados BMW C650 e Yamaha TMax vendidos em pequenos lotes rapidamente, mal ficavam nas concessionárias apesar dos preços ao redor de R$ 50 mil. Aproveitando o renovado interesse do público também pelas big trail, que motivou o relançamento da Africa Twin, a Honda seguiu um caminho diferente ao começar a vender no país o X-ADV: híbrido de scooter e big trail deve atrair proprietários de scooters para transporte urbano e de motos maiores para lazer, ao oferecer o diferencial de estilo e possibilidade de uso mais ampla. 

Os principais atrativos de praticidade de um scooter permanecem na locomoção urbana, com câmbio automático, freios dianteiro e traseiro acionados pelas mãos, pés apoiados em plataformas e espaço para armazenar um capacete embaixo do banco. Das big trail vêm as rodas raiadas com pneus de uso misto sem câmara (120/70-17 e 160/60-15) e suspensões com cursos elevados (153 mm e 150 mm), fatores de conforto na buraqueira do nosso asfalto. 

Adicionalmente o assento largo e confortável, protetores de mão e para-brisa com altura regulável em cinco estágios são benefícios úteis em qualquer ambiente, que se estendem ao uso rodoviário. O motor de 745cc e 2 cilindros paralelos é suficiente para manter velocidade de cruzeiro a 160 km/h e sobra para passar de 180 km/h. É o mesmo bicilíndrico da NC 750X, com a vantagem do câmbio automático de dupla embreagem que permite trocas mais rápidas, uso em modo Sport (mudanças em rotações elevadas) e mudanças manuais por botões, como em um carro com as borboletas atrás do volante.  

Dinâmica de moto

Diferentemente de outros scooters, o chassi do tipo diamante do X-ADV é mais rígido e adota a posição de motor entre os eixos como nas motos. Isso melhora muito a distribuição de peso e torna a dinâmica de pilotagem mais esportiva e divertida, com ganho significativo de estabilidade. A entrada de curva é rápida e precisa, o garfo invertido com ajustes de retorno e pré-carga copia bem o asfalto e em conjunto com o amortecedor (regulável na pré-carga) evita oscilações e faz parecer que estamos em uma naked. Em frenagens fortes a trajetória também se mantém, facilitando o aproveitamento do potencial dos freios duplos com discos de 296 mm e pinças radiais de quatro pistões.  

O câmbio é bem diferente do CVT convencional de um scooter, o qual não realiza trocas de marcha e continuamente varia a relação de transmissão. No X-ADV as trocas tornam a pilotagem empolgante, quando ligamos entra automaticamente em neutro, podemos apertar o botão D (Drive) para uma troca de marchas em modo econômico ou selecionar o S (Sport) para mudar o temperamento e elevar as rotações na estrada, por exemplo. À esquerda, os comandos + e – oferecem atuação manual sobre as seis marchas, para ultrapassagens e reduções mais rápidas em entrada de curva. A transmissão final é feita por corrente, deixando a roda mais leve e o trabalho da suspensão mais preciso. 

Como parte do nosso roteiro urbano/rodoviário incluímos uma trilha off-road, molhada no dia do teste. A tração foi suficiente para enfrentar subidas escorregadias e o câmbio permitiu fazer curvas com derrapagens controladas, destracionando a traseira para direcionar o X-ADV (veja no vídeo). Claro que as suspensões não foram projetadas para saltos, embora tenhamos dado alguns... A altura livre do solo é de 165 mm, equivalente à da NC. Superior à de uma naked e muito acima do patamar comum para a plataforma de um scooter.  

Conclusão 

A estética é sem dúvida “invocada” e chama muito a atenção. Todo o conjunto de iluminação por LEDs e o grande painel digital é completo como de uma moto, fácil de ler e exibe permanentemente grande parte dos dados, sem necessidade de rotação.  

Nossa conclusão é favorável, o X-ADV é bem equipado e embora o preço de R$ 52.500 possa inicialmente assustar, é preciso ter em conta que os últimos TMax 530 foram vendidos por R$ 59 mil, têm carenagem mais larga e são menos versáteis. Na nossa equipe, por exemplo, Leandro Mello mora a 90 km de São Paulo e faz o trajeto várias vezes por semana com uma big trail, mas sofre dentro de São Paulo com a largura e o peso da moto. Ele ficou com o X-ADV por alguns dias e achou uma boa solução: “vai muito bem na estrada, como uma big trail média, e quando entro na cidade tenho a agilidade e praticidade do scooter. Além de uma possibilidade bem ampla de roteiros no fim de semana.”  

Ficha técnica

Motor: 745cc, 2 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro, comando único no cabeçote, refrigeração líquida 

Diâmetro x curso: 77 mm x 80 mm

Taxa de compressão: 10,7:1

Potência: 54,8 cv a 6.250 rpm

Torque: 6,9 kgf.m a 4.750 rpm

Alimentação: injeção eletrônica

Câmbio: automático de 6 marchas

Chassi: diamond de aço

Suspensões: garfo telescópico com ajustes de retorno e pré-carga na dianteira e monoamortecida com ajuste de pré-carga na traseira 

Pneus: 120/70-17 na dianteira e 160/60-15 na traseira

Freios: discos de 296 mm com pinças 4 pistões na dianteira e disco de 240 mm com pinça de 1 pistão na traseira

Comprimento: 2.245 mm

Largura: 910 mm

Altura: 1.375 mm

Altura do banco: 820 mm 

Entreeixos: 1.590 mm

Distância do solo: 165 mm

Peso: 238 kg (ordem de marcha)

Tanque de combustível: 13,1 litros

Preço: R$ 52.500

Nosso piloto de testes usou capacete Shark e equipamentos Alpinestars disponíveis na Loja Duas Rodas

 

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