Testamos a nova linha Harley-Davidson Softail 2018

16/10/2017 23:17

Por Marcio Marinho, de Seva (Espanha) 

O lançamento da nova linha Softail 2018 causou um grande alvoroço no mercado. Algo que talvez não fosse visto desde o lançamento da controversa V-Rod, no começo do milênio. No ano passado chegou a família de motores V2 Milwaukee-Eight (oito vávulas) para iniciar a substituição do Twin Cam, em princípio pela linha Touring. E agora também na Softail, que vai além com motos completamente novas desde o chassi.

Os modelos 2018 são uma revolução ainda maior que a apresentada no ano passado. Aliás, combinando bastante com o local escolhido para o lançamento mundial: as serras de Seva, na Catalunha, onde ocorria ao mesmo tempo o plebiscito que busca a separação da Espanha. Mas como nosso negócio é moto e não política, vamos esquecer os movimentos separatistas e nos concentrar só na revolução H-D, considerado o maior projeto de todos os tempos da marca não só pela profundidade das mudanças, mas pela quantidade: a família Softail cresceu incorporando a Dyna, cujos modelos passam a ter o mesmo tipo de chassi com amortecedor escondido embaixo do banco em vez do bi-choque, o que significa o lançamento simultâneo de oito motos concebidas apenas a partir da premissa de que utilizariam o Milwaukee-Eight. Todo o resto é novo. São elas Fat Bob, Fat Boy, Breakout, Low Rider, Street Bob, Deluxe, Slim e Heritage Classic. Quatro terão opção do motor maior de 114 polegadas cúbicas (1.868cc) além do 107 (1.745cc), sempre refrigerados a óleo: Fat Bob, Fat Boy, Breakout e Heritage Classic.

O grande pacote de novidades foi distribuído para todos os membros da família, o que representa novo motor, chassi, suspensões dianteira e traseira, design, conjunto de iluminação de LEDs... Apesar de terem o mesmo pacote tecnológico, descobrimos no teste que uma das qualidades das novas Softail é conseguirem apresentar, com a mesma plataforma, propostas diferentes de produto que vão muito além do design.

Andando em quatro modelos

A H-D escolheu as serras de Seva, nos arredores de Barcelona, para apresentar mundialmente os modelos. Quatro deles estavam disponíveis para teste: Street Bob, Heritage, Breakout e a impactante Fat Bob, moto que parece ser a grande aposta da marca neste momento do lançamento. Sentimos certa decepção por não termos a Fat Boy, um ícone da família Softail, disponível para o teste, mas depois de avaliarmos estes quatro modelos dá para imaginar o novo padrão que encontraremos na Fat Boy.

Durante dois dias inteiros aceleramos pelas estradas sinuosas de Seva, começando pela Fat Bob – que atualmente não faz muito sucesso no Brasil, mas agora pode mudar esta história. Mantendo a ideia de um estilo muscle bike, a dianteira impacta pela troca dos dois pequenos faróis redondos por um filete de LEDs. Somado ao painel com display digital de fundo escuro e escapes com capas em tom bronze, a primeira impressão é de modernidade e acabamento refinado. Para manobrar já sentimos a diferença de peso, são 15 kg a menos. A família inteira passou por uma “dieta” e emagreceu em média 16 kg por causa do novo chassi tubular de aço. Em poucos segundos de movimento confirmamos que a dirigibilidade da moto é outra, esqueça todas as experiências que já teve com a Harley. O novo chassi é menos suscetível à torção, o conjunto de suspensão traseira tem somente um amortecedor Showa, com a facilidade da regulagem remota manual, e o garfo dianteiro é do tipo Dual Bending Valve, em que há válvulas separadas para duas fases de atuação, uma inicial mais “suave” e outra que exija mais resistência à compressão hidráulica. O comportamento está mais estável, a “cópia” do asfalto mais precisa e a performance do conjunto é previsível quando se quer acelerar mais, transmite bastante segurança. Já o motor Milwaukee-Eight vibra menos e acelera mais rápido do que o Twin Cam, o que já havíamos comprovado nas Touring.

A segunda moto em que rodamos foi a Heritage Classic. Para muitos dos outros jornalistas presentes o modelo com a melhor dirigibilidade do lançamento. Ficou significativamente mais fácil de pilotar comparada à antiga, parece ter perdido mais que os 17 kg indicados pela ficha técnica. Também está mais confortável, o para-brisa protege do vento com eficiência e as malas laterais revestida de couro resistem à água, além do sistema de travamento ser melhor que as cintas do anterior.

Enquanto pilotava a dócil Heritage visualizava no retrovisor a nova Breakout, que está com linhas mais esguias, suaves e arredondadas, em que o farol redondo composto por LEDs se destaca. Então, pulei na primeira oportunidade para a Breakout, pois queria descobrir se a melhora tinha sido a mesma que nos dois outros modelos já testados. Afinal, ela tem um ângulo de inclinação do garfo acentuado e roda dianteira de 21 polegadas, bem ao estilo chopper, que naturalmente a tornam menos ágil nas mudanças de direção. Para minha felicidade a Breakout está realmente mais ágil, claro, dentro das limitações desta configuração em que o estilo sobressai. A pilotagem ficou muito mais agradável e exige menos esforço para mudar de direção. Os futuros donos de Breakout terão mais que estilo ao comprarem a moto, embora comparada às outras Softail, sem dúvida, ainda usando mais “braço” para comandar as inclinações usando o contra-esterço. E falando em guidão, tanto a Breakout quanto a Street Bob ganharam um painel digital minimalista integrado ao suporte que fixa a barra, ficando assim “camuflado” quando está desligado (o fundo é preto) e interferindo o mínimo possível no design destes dois modelos de linhas limpas, que evitam adornos em excesso.  

Outro ponto interessante foi experimentar o motor opcional 114, maior, que equipava a unidade avaliada e provou um ganho considerável de torque na prática, foi possível permanecer em 3ª e 4ª marchas por grande parte do percurso entre as curvas da serra sem necessidade de reduzir para retomar velocidade. Em números, são 12,1 kgf.m contra 11,1 kgf.m a 3.000 rpm e, embora a marca não divulgue a potência, de acordo com dados de homologação nos Estados Unidos varia de 100 cv a 92 cv.

O último modelo avaliado foi a Street Bob. Bem menos impactante visualmente que Fat Bob e a Breakout, a Street Bob agradou como a Heritage na dirigibilidade. Parecia que estava pilotando uma antiga Honda Shadow com motor de 1.745cc. A posição da pedaleira recuada e o guidão elevado mudam bastante a ergonomia, para um estilo mais urbano que estradeiro.

No final voltei para a Fat Bob, para curtir mais um pouco do modelo que realmente me conquistou. Agora é esperar pelo preços, a Harley do Brasil ainda não tinha os valores definidos, que devem ser apresentados somente no Salão Duas Rodas.

APLICATIVO



INSTAGRAM