Rossi x Marquez: os dois lados da história na Argentina

09/04/2018 04:04

O GP da Argentina do último domingo (8), segunda etapa da temporada 2018 da MotoGP, tornou-se memorável por razões negativas. Começou com o atraso da largada e descumprimento do regulamento do campeonato ao permitirem que pilotos que recolheram as motos do grid para o pit lane para troca de última hora por pneus slick retornassem ao grid. Apenas o pole position Jack Miller (Ducati Pramac) havia alinhado inicialmente com os slick e permaneceu em posição de largada, o que de acordo com o regulamento o permitiria largar sozinho do grid enquanto os outros pilotos seriam obrigados a partir do pit lane. 

Ainda antes da largada, o motor da RC213V de Marc Marquez apagou e o piloto da Honda avançou empurrando a moto entre as outras que estavam à frente no grid para fazê-la pegar “no tranco”. Assim que conseguiu, retornou em meia-volta na contramão, impedindo a liberação da largada dos outros pilotos. A medida lhe rendeu uma penalização de passagem pelo pit lane, que o fez retornar em 19º e iniciar uma tentativa de recuperação com manobras de ultrapassagem arriscadas que resultariam em mais duas punições.

Para ultrapassar a Aprilia de Aleix Espargaró, Marquez invadiu a linha interna da curva onde estava o oponente o empurrando para fora para criar espaço para a passagem da RC213V. Foi penalizado com a devolução de posição, mas seguiu avançando novamente até chegar a Valentino Rossi (Yamaha) na penúltima volta, quando repetiu a manobra anterior colidindo com o italiano ao avançar com a moto na linha interna da curva, se posicionando entre a zebra e a M1, forçando o oponente a “levantar” a moto e abrir a trajetória, o que o levou à grama e ao chão (veja o vídeo abaixo). Rossi ainda voltou à pista e terminou em 19º, enquanto Marquez foi punido após a bandeirada com 30 segundos de acréscimo ao tempo de prova, o que significou a 18ª posição (sem pontuação). O colega da equipe satélite LCR Cal Crutchlow venceu a corrida, seguido por Johann Zarco (Yamaha Tech 3) e Alex Rins (Suzuki) em 3º. 

O que diz Rossi

Ao fim da prova Marquez deixou o box da Honda e caminhou até o da Yamaha para se desculpar pelo acidente, o que foi recusado por Alessio “Uccio” Salucci, funcionário de Rossi que não o deixou entrar para falar com o piloto italiano. Em coletiva de imprensa Rossi se posicionou: 

“Ele não tem respeito pelos rivais. Uma vez pode acontecer, você dá um toque em alguém, é competição, acontece. Mas desde sexta-feira ele fez isso no treinos, com Viñales, Dovizioso, comigo no sábado. E na corrida ele foi direto na direção de quatro pilotos, foi de propósito, não foi um erro. Se todos os pilotos correrem assim, sem respeito pelos rivais, será muito perigoso e vai acabar mal. É uma situação perigosa e, foi o que disse ao Mike Webb (diretor de corrida), eles têm uma grande responsabilidade, têm que fazer algo para que Marquez não se comporte mais assim. Agora veremos o que vão fazer... não sei o que acontecerá, mas não me sinto protegido pela direção de corrida porque Marquez faz o que quer. No grid de largada todos viram o que aconteceu: se sua moto apaga alguém te empurra para fora do grid, e a ele não fizeram nada. Se tivessem feito o que deveriam, não teria acontecido toda essa confusão.”

O que diz Marquez 

Após as declarações de Rossi, Marquez se defendeu:

“Não fiz nada maluco com Valentino. Vocês precisam entender as condições da pista, a linha estava seca, mas entrei no trecho molhado e travei o freio, soltei e houve contato. Quando vi que ele caiu tentei me desculpar. Se você verificar o que aconteceu com Zarco e Dani, Petrucci e Aleix... hoje foi difícil. O que aconteceu com Valentino foi um erro causado pelas condições da pista.”

 

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