Motos turbinadas estão em evidência, mas já existiram nos anos 1980

26/01/2016 07:01

Os anos 1980 foram a década de “A Super Máquina”, “De Volta para o Futuro”, Michael Jackson, cores vivas e relógios digitais. O exagero kitsch e a tecnologia eletrônica inspiravam mentes, produtos e, claro, motos e carros. Foi também a década das motos turbinadas, lançadas no curto período de dois anos pelas quatro grandes japonesas. Vieram em sequência Honda CX 500 (1982), Yamaha XJ 650 Seca (1982), Suzuki XN85 (1983) e Kawasaki GPZ 750 (1984). 

Todas baseadas em modelos aspirados e tinham como objetivo o mercado americano. Lá uma taxa extra foi criada para motos importadas acima de 700cc, visando proteger a indústria local. A Kawasaki foi a única 750 da lista, mas montava componentes no país para burlar a regulamentação. A vida curta dos modelos turbinados dos anos 1980 foi marcada por inovações que vieram acompanhadas de acertos e erros. Os preços nem sempre tão atrativos levou à conclusão de que o mercado tinha alternativas menos complexas à disposição. 

A Kawasaki já havia flertado com a sobrealimentação em 1978 ao modificar 500 unidades da Z1 com kits americanos. Foi a primeira moto com turbo de fábrica, embora a produção em série só tenha acontecido de fato a partir de 1982, com o lançamento da Honda CX 500 Turbo. 

Naquele tempo não havia o refinamento eletrônico de uma Kawasaki Ninja H2, que marcou o retorno da sobrealimentação às motos. E o funcionamento certamente não era algo a ser classificado como “progressivo”. O motor sofria a falta de fôlego antes da entrada do turbo, havia o atraso na resposta ao comando do acelerador (“lag”) e o início da sobrealimentação se dava bruscamente. A legislação estimulou o surgimento da era turbo dos anos 1980, mas os custos determinaram seu fim na segunda metade da década.

Desta vez, três décadas mais tarde, o retorno da sobrealimentação é novamente motivado pela legislação. Metas de redução de emissões e consumo são atingidas com motores de menor deslocamento mais eficientes, que ao acionarem o turbo compensam a perda de performance em comparação a uma cilindrada superior. A Kawasaki Ninja H2 relançou a tecnologia nas motos com novas abordagens como o suporte de controles eletrônicos para assegurar respostas graduais e previsíveis, além da opção pelo supercharger em vez do sistema turbo – a turbina que empurra ar extra é movimentada pelo virabrequim do próprio motor, portanto não depende de os gases de escapamento atingirem uma pressão mínima para ser acionada no meio da aceleração, como nos sistemas anteriores.

Um ano depois da estreia da H2 a Kawasaki apresentou uma nova versão da tecnologia com foco em motores mais econômicos, assim como a Suzuki, que inicialmente pretende aplicar a sobrealimentação a unidades de 2 cilindros e capacidade de deslocamento intermediária. Desta vez, com mais confiabilidade e restrições crescentes aos grandes motores, a sobrealimentação parece ter vindo para ficar. Ao menos enquanto durarem os motores a combustão...

 

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