Kawasaki bate recordes há quatro décadas; veja modelos

Fabricante impulsionou a disputa por velocidade nas últimas décadas com a família Ninja

30/09/2019 12:09

A Kawasaki Ninja H2R é a moto mais potente da atualidade, capaz de atingir 337 km/h. O modelo de 326 cv foi levado ao limite pelo piloto Leandro Mello na pista do Aeroporto Internacional de Brasília. “Essa velocidade foi confirmada pela Kawasaki como o limite da moto em condições originais”, conta o piloto. “Seria capaz de mais com o alongamento da relação de transmissão, porque chegamos ao limite de rotações em 6ª marcha.” 

A H2R é o capítulo mais recente da corrida da Kawasaki por recordes de velocidade nas últimas décadas. O início da saga Ninja pode ser considerado um marco nessa história, quando a GPZ 900R foi lançada em 1984. Não foi à toa que a primeira Ninja foi escolhida como moto do piloto de caças Maverick, em “Top Gun – Ases Indomáveis” (1986). A carenagem, ainda novidade nas ruas, ajudava a Ninja GPZ 900R a romper a barreira dos 240 km/h. 

Nos anos 1970 as fabricantes de motos se fixaram mais no tamanho do motor do que na velocidade máxima. O apelo comercial dos 4 cilindros fez a Kawasaki criar a Z1 900 para superar a Honda CB 750. Em 1972 o modelo avançou sobre os 200 km/h e fixou a marca de 210 km/h. Ainda seguindo a linha “tamanho é documento”, vieram as impressionantes 6 cilindros Honda CBX 1050 e Kawasaki Z1300 atingindo 220 km/h em 1978. Uma breve extravagância sucedida por décadas de desenvolvimento de esportivas com motores 4 cilindros cada vez mais leves e potentes. 

Kawasaki GPZ 900R Ninja 1984

Primeira moto da marca a receber o nome Ninja, foi uma evolução das antecessoras GPZ 750, 1000 e 1100. O avanço de performance veio da adoção do motor de 4 cilindros com 16 válvulas e refrigeração líquida. Até então, os motores permaneciam com refrigeração a ar e 2 válvulas por cilindro, como no início dos anos 1970. A GPZ 900R era alimentada por carburadores de 34 mm, desenvolvia 115 cv e atingia de 243 km/h. 

Kawasaki Ninja ZX-11 1989

A Kawasaki surpreendeu o mundo novamente no fim da década com a ZX-11 (em alguns mercados ZZ-R 1100). Atingia impressionantes 285 km/h. A ZX-11 foi uma rápida evolução da ZX-10 lançada um ano antes, que beirava os 270 km/h. Na ZX-11 o motor passou de 997cc para 1.052cc e a potência subiu 10 cv para atingir 147 cv. Assim, superava com mais folga a esportiva Yamaha FZR 1000 lançada ao mesmo tempo que a ZX-10. Na concorrência a novidade era o motor de 5 válvulas por cilindro, batizado de Genesis. “Ao contrário da FZR, a Ninja ZX-11 não tinha compromisso com o desempenho em curvas”, lembra Leandro Mello. “Era uma moto maior e mais estável, para altas velocidades nas retas”, lembra o piloto Leandro Mello. 

O segredo da Kawasaki Ninja ZX-11 não estava na capacidade volumétrica maior, mas no sistema de indução de ar. Na parte frontal da carenagem o orifício direcionava ar aos carburadores, enquanto um sensor liberava mais gasolina para equilibrar a mistura. Embora a potência em alta velocidade não fosse declarada, estima-se que acima de 200 km/h ultrapassasse os 150 cv.

Honda CBR 1100XX Blackbird 1996

A Honda entendeu que oferecer mais potência não seria suficiente para construir uma moto mais veloz. Ao lançar a 1100XX para superar a Kawasaki, combinou o motor 4 cilindros de até 164 cv à aerodinâmica inovadora. Foi totalmente projetada em túnel de vento para aprimorar a penetração do ar e estabilidade em altas velocidades. “Era estável em alta velocidade, mais leve na pilotagem e tinha bom desempenho nas curvas”, avalia Leandro Mello. A CBR superou a Ninja ao atingir 294 km/h.

Suzuki GSX-R 1300 Hayabusa 1999

A missão da Suzuki era claramente superar a Honda CBR 1100XX Blackbird. Prova disso foi batizar a GSX-R 1300 de Hayabusa, nome de um falcão japonês predador natural do pássaro blackbird. A moto foi projetada com todas as tecnologias disponíveis naquele momento: motor de 4 cilindros em linha alimentado por injeção eletrônica e sistema de indução de ar de grande capacidade. Com 1.298cc, a Hayabusa desenvolvia 180 cv de potência.

Também projetada em túnel de vento, apresentava linhas mais fluidas e envolventes que as da Blackbird. Adotava uma estrutura mais longa e carenagem mais larga que as esportivas para circuitos. “Foi um grande salto em estabilidade e controle para altas velocidades, com ótima proteção aerodinâmica”, diz o piloto. No ano seguinte entrou para o Guinness Book como a moto mais rápida já produzida em série ao romper a barreira dos 300 km/h e alcançar 317 km/h. A resposta da Kawasaki foi a imponente Ninja ZX-14, com 210 cv e desempenho equivalente.

Kawasaki Ninja H2R 2015

Quinze anos se passaram até que o paradigma de velocidade mudasse novamente. A indústria deixou de focar potência e velocidade máxima para elevar o nível de segurança e eficiência das motos. Entraram em cena controles eletrônicos, redução de peso, evolução de suspensões, freios e pneus. As esportivas se tornaram mais fáceis de controlar e atingiram novos limites nas curvas.  

Até que a Kawasaki novamente chocou o mundo ao mostrar no fim de 2014 as Ninja H2 e H2R. Aplicou um sistema de sobrealimentação supercharger ao motor de 4 cilindros e 998cc para atingir 326 cv na H2R. Nesta versão para uso em circuitos fechados, não há restrições no escapamento nem supérfluos como retrovisores e sistema de iluminação. A carenagem de fibra de carbono recebe até asas para elevar a estabilidade em altas velocidades. Já a H2 é a versão homologada para uso em vias públicas, limitada a 210 cv. A velocidade máxima de 337 km/h da H2R é o capítulo mais recente na corrida por recordes da família Ninja.    

 

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