Desafiamos a nova versão da Africa Twin no off-road

Big trail da linha Honda 2020 ganha versão Adventure Sports, mais equipada para viagens fora de estrada

04/09/2019 16:09

Para a linha 2020 a Honda atualizou a big trail CRF 1000L Africa Twin com dois objetivos. O primeiro foi deixar a versão de entrada mais completa diante dos pacotes de série oferecidos por BMW e Triumph. A segunda razão foi acrescentar uma versão destinada a viagens ainda mais desafiadoras, a Adventure Sports desta avaliação. 

As duas vêm equipadas com o motor de 2 cilindros paralelos, 999cc e 8 válvulas, com virabrequim defasado em 270º. O comportamento é similar a um V2, como o que equipou o modelo original de 1988. Privilegia a entrega de torque progressiva e sempre disponível em boa dose. Porém é mais compacto que um V2. 

Os engenheiros da Honda redesenharam a caixa de ar e o escapamento da Africa Twin 2020. Essas mudanças resultaram em mais potência, que passou de 90 cv para 94 cv a 7500 rpm. Já o torque subiu de 9,3 kgf.m para 9,7 kgf.m a 6.000 rpm. 

Acelerador agora funciona sem cabos, cedendo lugar ao sistema eletrônico que permitiu a chegada de novos assistentes de pilotagem. Podem ser selecionados quatro modos de pilotagem: Tour, Urban, Gravel e User, este personalizável. Cada um corresponde a combinações específicas para entrega de potência, controle de tração e freio-motor. Ao lado está o comando do aquecedor de manoplas exclusivo da versão Adventure Sports, com cinco níveis de temperatura. 

O chassi em berço duplo de aço recebeu suspensões valentes para a prática off-road. Na dianteira é invertida com tubos de 45 mm de diâmetro, regulável em pré-carga, compressão e retorno. Já o amortecedor traseiro, também multiajustável, tem a facilidade do acionamento remoto da pré-carga. A versão Adventure Sports traz a novidade dos cursos ampliados para 252 mm na dianteira e 240 mm na traseira (respectivamente 230 mm e 220 mm, na standard). 

Assim a distância do solo sobe em 20 mm, totalizando 271 mm. Com isso o banco fica a impressionantes 900 mm do solo, definitivamente não é para qualquer estatura. Rodas medem 21 polegadas na dianteira e 18 na traseira, com aros de alumínio e raios de aço inox. Conjunto apropriado para uma moto que pretende ser ágil e resistente fora do asfalto.

Outras diferenças fundamentais para enfrentar novos caminhos com a Adventure Sports são carenagem, para-brisa e tanque de combustível ampliados. O reservatório passou de 18,8 litros para 24,2 litros. Ao redor vem instalado o protetor tubular para tanque e carenagem, outra exclusividade da nova versão. 

A cidade ficou para trás

Deixamos São Paulo (SP) em direção ao interior do estado por estradas de asfalto. Antes enfrentamos um congestionamento com essa versão mais imponente da Africa Twin, que em movimento parece pesar menos que os 243 kg em ordem de marcha. O ótimo torque disponível desde baixas rotações é entregue de forma progressiva, o que ajuda a concluir mudanças de direção com facilidade. Não fosse o guidão largo, indispondo-se com os retrovisores dos SUVs, seria perfeita. 

Saindo da cidade, mudamos o modo de pilotagem de Urban para Tour (respostas mais “vigorosas” do motor) e seguimos por estradas de pavimento mal conservado, com ondulações e buracos. Mesmo nessa condição, os cursos das suspensões sobram, absorvendo completamente as irregularidades. Apesar da altura, surpreendentemente a Africa Twin Adventure Sports se manteve estável mesmo em velocidades elevadas. Os pneus para uso misto com câmara de ar deixam um pouco a desejar quanto à aderência no asfalto, em curvas que exigem mais inclinação da moto. Sistema ABS na aproximação da curva e controle de tração na saída ajudam a manter a big trail no trilho.

A real diversão começou quando deixamos o asfalto para trás e percorremos estradas não pavimentadas. Com o modo de pilotagem Gravel (resposta suave ao acelerador e menos atuação do controle de tração), aceleramos nas estradas de terra batida e nos deparamos também com areia, cascalho e até um pouco de lama. O banco plano de espuma densa é ideal para as mudanças de posicionamento necessárias durante trajetos off-road. Guidão elevado também facilita a condução em pé, ao passar por obstáculos. 

As suspensões com cursos generosos permitiram acelerar ignorando a buraqueira. Apesar do peso elevado, é bem distribuído e concentrado na parte de baixo, o que facilita mudanças de direção. Decidimos ir além do que a maioria dos proprietários fará com a moto, e desafiá-la numa pista de motocross. Desligamos todos os assistentes eletrônicos e a Africa Twin saltou as rampas sem nenhuma vez aterrissar atingindo o fim de curso das suspensões. 

A versão Adventure Sports é ágil na condução em baixa velocidade e com grande vão livre em relação ao solo supera obstáculos facilmente. Não parece que estamos em uma big trail grande e pesada, mas em uma moto realmente derivada do aprendizado da marca nos ralis. A Honda CRF 1000L Africa Twin 2020 custa a partir de R$ 57.990, mas a versão Adventure Sports chega a R$ 64.990.

 

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