Comparativo: Honda SH 300 x Dafra Citycom

Quer mais que um scooter básico? A resposta era o Citycom, mas agora também pode ser o caro SH 300

02/05/2016 13:07

Talvez você não saiba, mas a família SH que chega ao Brasil na versão 300 já existe na Europa há 30 anos, com mais de 1 milhão de unidades fabricadas com motores de 50 a 300cc. Na época em que o SH surgia na Europa, os brasileiros tinham apenas a antiquada Vespa como alternativa... A realidade hoje é diferente, há variedade de scooters à venda e passaram a ser um meio de transporte cada vez mais adotado no país, convenientes com seu câmbio automático e com recursos diferenciados das motocicletas utilitárias de baixa cilindrada.

O Dafra Citycom 300 reinava sozinho desde 2010 como única opção urbana superior aos de 150-200cc, mas como a Honda não é de ficar assistindo ao sucesso de concorrentes passivamente, demorou para viabilizar a montagem local, mas finalmente trouxe o SH. A questão é que o SH é produzido na Europa, portanto mais caro para ter componentes importados, enquanto a família do PCX e do Forza 300 vem da Ásia. Só que o Forza não seria a escolha correta para o Brasil, porque é maior, mais estradeiro, e inviabilizaria vendas para o público que busca uma solução urbana. Além de usar rodas menores, o que atrapalha no nosso asfalto irregular.

O SH lembra o design da Biz, mas é visivelmente mais sofisticado: conjunto de iluminação por LEDs, partida keyless (a chave pode ficar no bolso), bagageiro e para-brisa de série, acabamento geral de qualidade (veja o escudo frontal com a parte interna também pintada). Do ponto de vista mecânico, o Honda se diferencia do Citycom principalmente pelos freios com sistema eletrônico antitravamento ABS, enquanto o Dafra é assistido por CBS hidráulico (acionamento automaticamente combinado dos dois freios). Como tudo tem seu preço, a novidade chega por R$ 23.590 – contra os R$ 18.490 do concorrente –, o que torna o ponto central deste teste não só a comparação de produtos equivalentes, mas uma decisão de custo-benefício. Vale a pena pagar mais pela sofisticação do SH?         

Preparando-se para a briga com a Honda o Citycom foi atualizado e ganhou o sobrenome S. Teve o motor trocado por outro de maior cilindrada (263cc para 278cc) e performance, que adicionou 5 cv e quase meio quilo de torque. Na estética só atualizaram o painel com fundo prata e iluminação azul, já que as lanternas fumê de LEDs refrescaram o visual recentemente.   

Linha de visão

Lado a lado o design arredondado do SH parece mais atual e a traseira claramente tem menor largura, que aumenta nesta parte do Citycom. O resultado é que precisa de menos atenção em espaços apertados, mas reduz as medidas do assento para o passageiro (que continua sendo suficiente) e do espaço sob o banco, este para apenas um capacete, enquanto no Dafra sobram áreas para outros volumes, como uma bolsa, jaqueta ou capa de chuva. Já a opção pelo para-brisa alto de série pode ser um problema, porque sua inclinação deixa a extremidade muito próxima do capacete, e dependendo da altura do condutor (temos ao redor de 1,80m) fica bem na linha de visão. Isso cria uma faixa sem visibilidade e não permite que se veja apenas através do para-brisa ou acima dele. Não é um problema para pessoas de menor estatura, mas é preciso se acostumar à proximidade, trocá-lo por outro menor ou simplesmente removê-lo.

A boa ergonomia é qualidade dos dois, os braços ficam semi-flexionados e relaxados e as pernas longe do painel frontal. O banco e as suspensões do Citycom são mais macias, já o SH tem a vantagem na estabilidade e no espaço disponível para movimentação dos pés no assoalho plano. Ao dar a partida o Honda se mostra mais silencioso, os dois arrancam rápido e nos primeiros metros se revezam pouco à frente do outro até os 100 km/h: o SH chega primeiro a 60 km/h, o Citycom o ultrapassa para atingir 80 km/h e a 100 km/h o Honda já retomou a dianteira. Se continuarem em aceleração total, o Dafra passará novamente, no que o para-brisa mais baixo certamente ajuda. A briga é equilibrada, mas na estrada o Citycom vai abrindo vantagem sobre o SH, passando de 150 km/h no painel, enquanto que o instrumento do Honda estagnou nessa velocidade. Portanto, além de rápidos na cidade, os dois permitem viajar com segurança.

E falando em segurança, os freios dos dois estão acima da média, cada um com seu sistema de assistência. O da Honda, eletrônico e anti-travamento, é mais sofisticado e preciso (seguindo a tradição de boa ajustadora de freios da fabricante), a 100 km/h para o scooter 4 metros antes do concorrente. No Citycom o tato é menos preciso na dianteira e a traseira tem muita potência, o que trava a roda com facilidade e já havíamos apontado desde o lançamento.  

A conclusão é que os dois scooters são equivalentes na maior parte dos quesitos e nas possibilidades de uso que entregam, com vantagens de conforto no Citycom, que tem um projeto claramente mais antigo, e de tecnologia no SH, que cobra (muito) mais por isso. A diferença de R$ 5.100, supondo que os concessionários Honda o venderão pelo preço de tabela, significa um investimento 30% maior e assegura que o Dafra ainda terá um mercado cativo. 

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