29/06/2017 16:33
Melhor opção possível para transporte individual nas grandes cidades, os scooters deixaram o estigma de “básicos” para trás e são cada vez mais procurados no país. A segmentação chegou até os 150/160cc, antes vistos como produtos de entrada, que agora oferecem itens inimagináveis anos atrás para quem busca algo mais que preço baixo: iluminação por LEDs, sistema start-stop, ABS e vários outros agrados estão disponíveis em produtos como o novo Honda SH 150 (um degrau superior ao PCX, que usa o mesmo motor) e o Yamaha NMax 160.
Este último, aliás, ao ser lançado praticamente pelo preço do PCX no ano passado, oferecendo um motor mais “esperto” e ABS deu uma “chacoalhada” na Honda. A primeira reação da líder de vendas foi reduzir o preço do PCX; a segunda se chama SH: traz qualidades que eram exclusivas do modelo 300 para o patamar de R$ 12.450, como as rodas de 16 polegadas, qualidade de acabamento superior, assoalho plano e partida sem chave (portando sensor de presença). O Yamaha NMax, que é vendido por R$ 11.690 e em nosso último comparativo venceu com folga o PCX, agora tem um competidor à altura.
Olhando os dois lado a lado é inevitável notar o maior cuidado com o acabamento no SH. Qualidade presente por todos os cantos, claramente perceptível na parte interna do escudo frontal (pintado e com tampa para o porta-objetos) e no forro do banco com tecido antiderrapante para o passageiro. Também nas emendas de peças plásticas, acabamento dos componentes de metal, pedaleiras, blocos óticos e no comando giratório que faz as vezes de chave de ignição.
Não apenas o estilo de design, os conceitos de ergonomia dos dois scooters também são diferentes. A Yamaha optou por um formato mais estreito e por posicionar o condutor mais perto do chão em seu NMax, facilitando o apoio dos pés no piso, enquanto a Honda preferiu deixar o condutor em posição elevada não só porque usa rodas de 16 polegadas (13” no NMax), mas por ter instalado o banco a 799 mm do chão (765 mm no Yamaha). A diferença parece ainda maior por causa do assento largo e confortável do SH, o que separa mais as pernas e dificulta que cheguem ao piso. Com 1,80m de altura não é exatamente fácil alcançar o chão, as paradas já pedem alguma atenção; com 1,70 fica-se nas pontas dos pés.
Por outro lado o espaço disponível no scooter da Honda deixa à vontade até os grandalhões, o assoalho plano permite movimentar os pés com liberdade (mal cabem inteiramente nas plataformas do Yamaha) e a distância até o escudo frontal é maior – o formato reto e bem vertical da parte interna se inclina para fora nas extremidades laterais, afastando-se das pernas, um desenho ergonômico que evita joelhos se chocando contra o escudo e o guidão ao ser virado nas manobras. É certo que o SH foi projetado especialmente para o mercado europeu e as maiores medidas médias de sua população, ao passo que o NMax é tipicamente asiático na estética e nas medidas contidas. Efeito colateral da plataforma plana da Honda é a alocação do tanque de gasolina embaixo do assento, limitando o espaço para o capacete (cabe apenas um casco integral, e não é qualquer um). Esta é a mesma razão pela qual no Yamaha falta espaço para os pés, afinal o tanque está na parte central da plataforma, assim sobra espaço para capacete e outros objetos.
Em movimento
Com 6cc a mais, 4 válvulas e comando variável o motor Yamaha é mais esperto nas acelerações (0 a 80 km/h em 10s64 contra 12s32), porém não se deve resumir a análise dos propulsores a isto. A realidade é que na maior parte do tempo, usando o scooter no tráfego urbano, essa diferença é pouco relevante, o motor Honda mais silencioso e menos “vibrante” proporciona conforto extra.
As rodas grandes também fazem uma tremenda diferença em nosso asfalto irregular, causando a falsa impressão de que as suspensões são mais “macias”, quando na realidade recebem menos impactos do que com as rodas de 13 polegadas do NMax “entrando” em cada ondulação ou buraco. Inquestionável a vantagem em conforto, estabilidade e segurança do SH. Neste quesito cabe comparar as atuações dos freios (ambos os scooters contam com ABS nas duas rodas): o tato do SH é preciso e de resposta imediata, como é característico da Honda, capaz de frear com bastante força aplicada à roda dianteira sem que a atuação do sistema antitravamento seja perceptível ou alongue demais a distância até a parada. Extremamente eficiente. No Yamaha o tato não é tão preciso e o ABS tem atuação mais lenta na duas rodas, permitindo breves travamentos até que o sistema interfira “soltando” novamente a roda.
De forma geral o SH mostra mais qualidade, oferece uma experiência de condução mais confortável e segura que o NMax, este com vantagens de performance e espaço no porta-capacete. Mas só o Honda vem com bagageiro, que permite prender mais objetos na traseira e facilita a instalação de bauleto. Em uso urbano diário as rodas maiores do SH são o grande diferencial, no entanto pelos R$ 750 a mais que custa na tabela o novo scooter da Honda faz valer o preço entregando vários benefícios adicionais. Seu principal calcanhar-de-Aquiles é a altura do banco, proibitiva para pessoas de menor estatura.