Clássica: Triumph Tiger

Tiger e outros modelos da Triumph tiveram origem bem diferente das motos que conhecemos hoje

16/01/2017 10:01

Nomes como o da atual best-seller inglesa Tiger ou Trophy e Thunderbird designam modelos de diferentes estilos produzidos pela Triumph. Hoje poucos sabem que ao longo da história centenária da marca os mesmos nomes batizaram motos bem diferentes, muito antes de existirem as big trail, touring e cruiser como os conhecemos agora. Praticamente nada da Tiger original pode ser visto, por exemplo, na big trail que agora é o modelo mais vendido da fabricante no Brasil. O nome foi reutilizado apenas para manter viva a tradição e referências históricas da marca, justamente por isso fica ainda mais interessante conhecer como eram as Tiger da primeira metade do século 20.

Tudo começa em 1936: o negócio de motocicletas não estava bem desde a Grande Depressão causada pela quebra da bolsa nos Estados Unidos em 1929, os esforços da Triumph estavam concentrados nos automóveis e as divisões foram separadas para permitir a venda da operação de motocicletas ao então ex-proprietário da Ariel, Jack Sangster. Com ele veio o projetista Edward Turner, que começou a criar uma nova linha para 1937. A nova Speed Twin T100 introduziu o motor de 2 cilindros paralelos que se tornaria simbólico para a marca, além das Tiger 70, 80 e 90, modelos de 1 cilindro mais leves e acessíveis. Naquela época os números usados nos nomes de modelos se referiam à velocidade máxima em milhas por hora e correspondiam respectivamente às versões de 250cc, 350cc e 500cc da Tiger.

Durante a 2ª Guerra Mundial a produção da fábrica teve de focar no fornecimento de veículos para os militares e se transformou em alvo de bombardeios pelo Eixo, mas assim que o conflito terminou uma nova planta em Meriden passou a produzir preferencialmente modelos de 2 cilindros: a Speed Twin e a Tiger T100 com o mesmo motor de 500cc, a primeira mais “touring” e a leve Tiger, já bem-sucedida nas pistas de corrida, seguiria com uma orientação esportiva vencendo provas na década de 1940. Também com este motor surgia pela primeira vez a Trophy, em 1948, para ser a primeira todo-terreno da marca. Durante muitos anos foi a preferida do ator Steve McQueen para prática off-road nos desertos californianos, escolhida por ele também para as filmagens de “Fuga do Inferno” (1963). O músico Bob Dylan foi outro proprietário famoso que ajudou a impulsionar as vendas.

A Thunderbird estreou em seguida designando o primeiro modelo de cilindrada elevada a 650cc, permitindo a criação do sufixo T110 que batizaria a próxima Tiger com este motor. Foi com o propulsor da Thunderbird montado em um streamliner que em 1955 Johnny Allen estabeleceu o recorde mundial de velocidade em duas rodas a 310 km/h, no deserto de sal de Bonneville, façanha que passou a ser associada à marca e rendeu aparições do modelo com Marlon Brando em “O Selvagem” (1953) – seu amigo, o ator James Dean comprou uma nessa época. O recorde de velocidade serviu de inspiração para o nascimento da Bonneville em 1959, usando dupla carburação que fazia o motor render 6 cv a mais, a primeira T120 da linha. E esta seria a escolhida pelo “stuntman” Evel Knievel para seus saltos incríveis televisionados na década de 1960.

Do topo à falência       

Nos anos 1970 a Triumph perdeu o posto de moto mais rápida que se podia comprar para a Honda CB 750, de 4 cilindros; demorou para reagir apresentando evoluções técnicas e se arrastou pela década tentando evitar a falência. Já unida à conterrânea BSA e com a linha reduzida à TR6 Tiger/Trophy (carburação simples) e Bonneville (carburação dupla), em 1971 apresentou um novo chassi com suspensões, freios e design revistos, mas mantinha o motor de menor capacidade que o Honda, sem partida elétrica, 5 marchas ou freio a disco. Estes dois últimos só em 1973 com o motor 750 das versões TR7 da Tiger e T140 da Bonneville. 

Em 1981 a Tiger Trail foi um dos últimos produtos da marca, modificação solicitada por importadores franceses em resposta ao sucesso da vencedora do rali Dakar BMW R80G/S. Recebeu aro dianteiro maior, pneus de cravo, suspensões com cursos ampliados, guidão largo com barra central, e saída de escapamento e para-lamas elevados. 

A fábrica foi fechada em 1983, assim como outras europeias que não resistiram à concorrência japonesa. Foi reativada pelo empresário do setor imobiliário John Bloor, em 1990, mas a Tiger retornaria somente em 1993 com o modelo 900 de 3 cilindros. Já no início dos anos 2000 a Tiger 955i começou a migração para o perfil touring on-road que vemos até hoje em sua descendente Tiger Sport. A linhagem big trail foi retomada no lançamento da atual Tiger 800 em 2011, e reforçada no ano seguinte com a Explorer 1200.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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