Clássica: a história das rápidas e belas inglesas da Norton

01/09/2017 07:00

Assim como outras grandes fabricantes inglesas a Norton surgiu na virada do século 19 para o 20 na região industrial de Birmingham, a Noroeste de Londres. James Lansdowne Norton começou em 1898 como fabricante de componentes, evoluiu para a produção de motocicletas que recebiam motores de outras fabricantes e ainda na primeira década do século 20 começou a construir a fama de sua marca vencendo corridas. Em 1907 a primeira edição do Tourist Trophy da Ilha de Man foi vencida com uma Norton ainda usando motor fornecido pela Peugeot. O propulsor próprio já estava em desenvolvimento, mas só seria lançado em 1908 iniciando uma linhagem de monocilíndricos de alta cilindrada e comando de válvulas lateral que duraria até a década de 1950.

O modelo base com motores de 500cc e 630cc, respectivamente de 3,5 cv e 4 cv batizado de “Big Four”, se manteriam em produção até 1916, quando todos os esforços de produção foram direcionados à 1ª Guerra Mundial. A Norton forneceu as Big Four para uso militar e só voltaria ao mercado civil em 1919, após o fim do conflito. O TT de 1924 teve a primeira vitória com velocidade média superior a 96 km/h, além de ter vencido também na categoria sidecar, já com a Model 18 de 500cc e o primeiro comando de válvulas da Norton no cabeçote.

Somente durante os anos 1930 as Norton venceriam sete vezes a categoria principal de 500cc. Ainda em meados desta década a fabricante ganhou também a concorrência para fornecer motocicletas militares ao governo, que se intensificaria com o início da 2ª Guerra em 1939, somando 100 mil unidades da 16H e da Big Four com sidecar. O sucesso na categoria principal do TT continuaria depois da guerra com total domínio da prova de 1947 a 1954, especialmente com a Norton Manx. A produção para o mercado civil retornara com a adição da bicilíndrica Model 7 500cc (fotos), chamada de Dominator, em 1949, uma resposta necessária diante da concorrência italiana (Gilera e MV Agusta) e britânica (AJS e Triumph) neste primeiro ano de Campeonato Mundial de Motovelocidade – a Norton terminou a temporada na 5ª posição.

Isso foi antes da criação do chassi “featherbed”, instalado primeiramente na Manx e depois na mais leve Model 88 Dominator. O novo chassi foi o paradigma da época em handling, beneficiando-se de experimentos da Norton para se chegar a um ajuste fino movendo o posicionamento do motor na estrutura. Consolidou-se a fama de que a Norton tinha o melhor chassi e assim surgiram inúmeros híbridos preparados com outros motores que supostamente uniram o melhor de cada fabricante, caso das chamadas Triton, o motor Triumph aclamado pela potência em um chassi featherbed Norton.      

Nasce mais um mito

Apesar do sucesso técnico, diz-se que havia limitações na produção do novo chassi enquanto os modelos com base antiga sofriam a perda de interesse pelo público. Em dificuldades financeiras a Norton foi vendida para o grupo proprietário de AJS e Matchless. Retiraram-se das corridas em 1954 e um ano depois lançaram a Dominator 99 de 600cc. A escalada de cilindrada e potência se acelerou na década seguinte com Manxman 650 e Atlas 750, cujo principal mercado era o americano. O aumento de cilindrada acentuou um indesejável nível de vibração que levou ao desenvolvimento de um novo chassi utilizando-se de coxins de borracha sob o motor e na balança de suspensão traseira para a nova Commando 750, de 1969 – já num cenário de declínio das vendas causado pela concorrência japonesa e sob controle de uma nova formação societária batizada de Norton-Villiers.

A Commando se tornou o maior sucesso britânico daquele tempo em performance, prestígio e vendas. Teve também versões scrambler e Interstate, uma espécie de tourer, e a capacidade do motor cresceu para 850cc. Recebeu partida elétrica no último ano de produção, já tarde se comparada à oferta do item nas japonesas, e oficialmente saiu de linha com o encerramento das operações da marca em 1976. Nesta época o governo britânico tentava salvar a indústria local por meio de subsídios, estatizando participações societárias e patrocinando arranjos que sem sucesso chegaram a unir Norton a Triumph e BSA, bem como as marcas automotivas sob o guarda-chuva da British Leyland. Os direitos sobre a marca Norton passaram por diversas mãos nos anos 1980 e 1990, produzindo algumas “reencarnações” dos modelos, mas parece ter voltado de forma mais sólida nesta década com uma nova Commando 961 de produção reduzida em Donington Park. 

APLICATIVO



INSTAGRAM