Aventura: sem traumas

Depois de abortar viagem após grave acidente, aventureiro pega a estrada para concluir seu projeto

23/06/2014 10:13

Texto: Rogerio Mirarchi                  Fotos: arquivo pessoal

Era novembro de 2012. Eu estava em viagem solo, fazendo a travessia do Paso San Francisco, entre Argentina e Chile, quando uma picape me atingiu em cheio para me derrubar e assaltar. Fiquei dias internado no hospital e voltei para casa com uma única vontade: retornar ao local para completar a travessia. Em um fórum de admiradores da Triumph conheci três motociclistas dispostos a encarar a viagem, todos montados em uma Tiger.

Saímos de Londrina (PR) e já no segundo dia de viagem cruzamos uma fronteira, em Foz do Iguaçu, rumo à cidade de Posadas, na Argentina. Como em qualquer viagem de moto para a Cordilheira dos Andes, os primeiros dias são feitos por deslocamentos em grandes trechos. Não demorou para atravessarmos as famosas e calorentas regiões argentinas do Chaco e Pampa Del Infierno. Chaco costuma ter temperaturas que superam a casa dos 40ºC, o que torna este trecho bem cansativo. Mas tivemos sorte, pois nos dois dias de travessia as temperaturas estavam bem amenas, com tempo nublado e garoa.

Seguimos em direção ao maior e mais famoso salar do planeta, o Salar de Uyuni, região que agora faz parte do percurso do rali Dakar. Como um dos objetivos da viagem era se aventurar por estradas difíceis, escolhemos o trajeto de aproximadamente 200 km de rípio – tipo de estrada de terra e cascalho – até Uyuni. Trecho difícil, já que a maior parte é feito por muitas “costelas de vaca” e bolsões de areia fofa. Ao entrar no primeiro destes bolsões, experimentei o primeiro tombo em terras bolivianas, sem consequências.

Na cidade argentina de Humahuaca, onde apenas descansaríamos, vivemos um dos momentos mais tensos da viagem. Em busca de hotel no centro da cidade nos deparamos com ruas fechadas por populares. Era carnaval. De repente estávamos cercados de pessoas embriagadas que começaram a chutar as motos e a tentar nos derrubar. Alguns pularam em cima dos bauletos traseiros, outros jogavam bebida. Aos poucos fomos saindo do tumulto e conseguimos voltar à estrada.

A travessia de Copiapó, no Chile, para a cidade de Fiambalá, na Argentina, foi o ponto alto da viagem. O desafio de cruzar o Paso San Francisco, com 470 km sem postos de abastecimento, sendo que 250 km são de estrada de rípio, mostrou-se difícil e gratificante. É claro que o trecho teve significado ainda maior para mim, pois finalmente consegui completar a travessia nos Andes após o grave acidente.

Um filme foi passando em minha cabeça. As imagens do dia em que sofri o acidente pareciam muito vivas. Uma mistura de medo, ansiedade e alegria tomou conta de mim. Pouco mais de um ano depois do terrível acidente eu estava de volta ao Paso San Francisco.

A matéria completa você encontra na edição de junho de Duas Rodas, que está nas bancas, na Apple Store e na Google Play.

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