22/12/2016 11:59
Um termômetro do sucesso mundial das motos para uso misto é a quantidade de lançamentos nos últimos meses, resultado do crescente interesse das fabricantes na categoria. Nos salões internacionais do último final de ano a tendência se espalhou por variadas faixas de cilindrada, incluindo “minis” BMW GS e Kawasaki Versys de 300cc, em oposição às luxuosas (e inacessíveis à maioria) 1.200cc. Essa mesma lógica foi usada pela Ducati na ampliação da linha com o motor de 937cc da Hypermotard, que passou a equipar modelos alternativos de suas topos de linha Monster e Multistrada, além da nova SuperSport – que reproduz a estética da Panigale.
Confirmada para a linha brasileira, a Multistrada 950 rodou pela primeira vez em Fuerteventura, nas Ilhas Canárias, território espanhol que fica na costa atlântica da África. Além do motor mais “manso” de 113 cv, outra diferença fundamental é o aumento do aro dianteiro para 19 polegadas, tornando-a mais versátil para concorrer com best-sellers como BMW F800GS e Triumph Tiger 800. Visualmente a 950 é idêntica à 1200, compartilham componentes da carenagem, faróis de LED, o tanque para 20 litros, freios e até chassi (com algumas alterações). Olhando com mais atenção você notará no lugar do monobraço da suspensão traseira uma balança tradicional mais parruda em alumínio anodizado preto.
A farta eletrônica embarcada que vem diferenciando as motos da Ducati nos últimos anos está presente, com diversos assistentes à pilotagem: quatro modos de pilotagem (Sport, Touring, Urban e Enduro) variam a curva de entrega de potência e o pico, limitado a 75 cv nos dois últimos, além das intensidades de controle de tração (oito) e ABS (três), que também podem ser ajustados separadamente ou desligados. O motor não é “brusco” como o da 1200, mas se você deixar a eletrônica menos intrusiva e quiser provocá-lo descobrirá que pode ser nervosinho. Ponto contra é o câmbio, nas unidades em que andamos estava um pouco duro e tinha curso longo para os engates.
Ciclística
A ergonomia é muito boa, posição de pilotagem confortável e distância do guidão ao piloto permitem bom “encaixe”. O banco é similar ao da irmã maior e tem camada de espuma suficiente para horas de pilotagem sem incômodo. A vibração do motor é característica de um V2, algo bastante amenizado nos projetos mais recentes da Ducati.
O conjunto ciclístico bem resolvido segue as especificações da 1200, com garfo invertido KYB de 48 mm e amortecedor Sachs multiajustáveis, ambos bem balanceados para boa cópia do asfalto e estabilidade sem prejuízo ao conforto. De qualquer forma, as possibilidades de regulagens permitem um ajuste personalizado ao gosto do freguês ou para carregar mais peso. Rápida nas entradas de curva e precisa no contorno, entrega boa de estabilidade a qualquer velocidade e tem limites elevados para proporcionar diversão em pilotagem esportiva. Embora a fábrica mais uma vez diga que ela topa aventuras off-road (tal qual no lançamento da primeira 1200), a verdade é que os cursos de 170 mm são os mesmos da outra Multistrada que usa aros 17, e com rodas de liga leve e distância do solo de 183 mm se equipara às concorrentes em suas versões para off-road leve (Triumph Tiger 800 XR e BMW F700GS).
O sistema de freios igual ao da 1200 é de primeira linha e tem potência equivalente à de modelos esportivos, basta pouca pressão sobre a alavanca para ter resposta instantânea e firme. São dois discos de 320 mm de diâmetro mordidos por pinças monobloco radiais de quatro pistões Brembo na dianteira e disco de 265 mm com pinça de dois pistões atrás. Em nível máximo o ABS mantém funcionamento suave e pouco se faz perceber.
A Multistrada 950 tem lançamento no Brasil marcado para o Salão Duas Rodas, em novembro, mas a Ducati iniciará a pré-venda antes (reservas a um preço final já confirmado). Se mantido o posicionamento de preço do exterior, custará ao redor de R$ 55 mil.
