Eu e ela: difícil encontrar uma moto que me dê mais prazer

O consultor de turismo Bruno Maia realizou um antigo sonho e ampliou sua coleção com a Honda CB 400 Four ano 1976

01/07/2015 10:41

Texto: Vinícius Piva                        fotos: Mario Villaescusa

O paulistano Bruno Maia aprendeu a andar de moto quando tinha 10 anos, incentivado pelo pai, um entusiasta de automóveis e motocicletas. Foi pegando mais gosto com o passar dos anos – sobretudo por modelos antigos – e hoje, aos 28 anos, o consultor de turismo considera-se um viciado. Mantém até hoje na garagem uma Honda CT 70, seu primeiro veículo de duas rodas, junto de outros três modelos da marca: uma Monkey 1973, uma CB 400 1984 e uma Sahara 1991.

Em meio a essa variedade de épocas e estilos faltava, porém, um modelo, o seu maior sonho. “Quando eu era criança, toda vez que víamos uma Honda Four meu pai dizia que era a moto mais legal da época. Cresci com isso na cabeça”. Os valores pedidos no mercado distanciavam o sonho da realidade, contudo Maia não se abatia e mantinha viva a esperança com constantes buscas na internet. No início deste ano, após muitos cálculos matemáticos, viu que se apertasse um pouco aqui e ali seria possível concretizar seu antigo desejo. As buscas se intensificaram e nesse ínterim um amigo do seu irmão falou de uma 400 Four ano 1976 que nem sequer estava anunciada. Era de uma senhora, única dona.

Por três dias Bruno Maia telefonou várias vezes para o celular de Ângela, a feliz proprietária da moto, mas ela não atendia. Chateado, foi a uma rede social e procurou pelo nome, o resultado foi um perfil sem fotos e há muito tempo inativo. Por sorte, um dos seis amigos dela na página era uma ex-colega de de Maia. Ele não pensou duas vezes e explicou a história para a amiga, que prontamente o ajudou. De posse de um novo número, conseguiu, enfim, falar com Ângela. “Eu me apresentei e falei do interesse na moto. Ela respondeu que sua 400 Four não estava à venda, mas ouviria uma proposta. Antes de falar em valores, entretanto, deveria olhar a moto pessoalmente”.

O convite foi aceito, claro. Era hora de se encontrar com a sonhada moto. “Quando a vi fiquei abalado, a moto estava nova e eu não poderia deixar passar. Conversamos bastante, ela me contou as suas histórias com a Four e eu só conseguia pensar ‘essa moto tem que ser minha’”. Mesmo sem dar uma volta (estava chovendo naquele dia), o ronco do motor foi o bastante para Maia se animar e lançar a primeira oferta. A negativa não o desanimou. No dia seguinte ele pediu para levar a moto a seu mecânico de confiança. Ângela topou. A aprovação (com louvor) do mecânico foi apenas mais um fator para elevar o desejo do jovem. “Essa volta foi suficiente para eu não querer largá-la mais”, lembra.

As negociações se estenderam por uma semana e, literalmente, tiraram o sono de Maia. A segunda oferta foi mais “gorda”, mas ainda abaixo do pedido da zelosa proprietária. Os dias se passavam e, sem uma solução em vista, Bruno resolveu ir para o tudo ou nada. Colocou o dinheiro em um envelope e foi até a casa de Ângela. Chegando lá, acabou ficando para um jantar de amigos. E foi a própria turma de Ângela que acabou dando uma forcinha extra para ela aceitar entregar sua 400 Four aos cuidados de Maia. “Ela entendeu que eu compraria a moto para mim, não para ganhar dinheiro, e isso foi determinante. Inclusive ela disse para eu avisá-la caso um dia pense em vender a moto”, acrescenta. Naquela mesma noite ele deixou o carro e foi embora com sua nova e tão sonhada companheira.

O que torna essa 400 Four tão especial? Ele explica: “é uma moto muito carismática. Tem o clássico motor 4 cilindros, que deixou uma marca na época, e o ronco é algo que mexe muito comigo. Essa moto tem uma tocada e um tempero apimentado incrível. A sensação de emoção e esportividade fica à frente de todas as motos que já andei. Será difícil encontrar uma moto que me dê mais prazer”.

Em apenas um mês, o novo dono da Honda 400 Four rodou 1.000 km e agora o painel dessa clássica mostra 26.000 km originais. Uma vez por semana ela se torna seu meio de transporte para o trabalho, em todas as outras saídas o objetivo é simplesmente passear. “Todo momento com ela é especial, terapêutico, eu diria. Às vezes acordo mais cedo para sair com ela antes de trabalhar, sem destino, e quando que me dou conta estou do outro lado da cidade, perco a noção do tempo”, diz.

Maia se considera um privilegiado por colocar na garagem (e nas ruas) uma 400 Four. “Normalmente, leva-se tempo para conquistarmos nossos sonhos. E nesse caso não materializei, ele aconteceu. Não é todo dia que aparece uma situação dessa”, afirma. “Sou muito grato a Ângela por ter depositado a confiança em mim e por ter cuidado tão bem dessa moto em tanto tempo”. Ele só não pretende retribuir a gentileza: “Não há planos e nem motivos para um dia eu vender essa moto. Enquanto eu puder, vou ficar com ela”.

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