Aventura: belezas e desafios na Carretera Austral, no Chile

Motociclista brasiliense encara mais de 1.000 km de off-road para percorrer um dos lugares mais cobiçados (e belos) em todo o mundo

28/04/2015 09:51

Texto e fotos: Flávio Faria

Durante três anos fiquei obcecado com a ideia de percorrer integralmente a Carretera Austral, considerada uma das rotas mais belas do mundo. Foi um planejamento complexo, em razão de sua descontinuidade, que nos obrigaria a fazer cinco travessias de barco sobre lagos e mares. Trata-se de um território ermo, parcialmente pavimentado, que possui mais de 1.000 km off-road, através de um cenário pitoresco do sul da Patagônia composto por montanhas nevadas, lagos, fiordes, glaciares, rios e frio de congelar a alma.

Os desafios de pilotagem são muitos, não tanto pela rodovia em si, mas pelas estradas vicinais que levam ao “mundo paralelo” da Carretera, geralmente composto de pedras de tamanho razoável, areia e muito rípio. Dos 1.247 km do trajeto, cerca de 1.000 km ainda não foram pavimentados.

Boa parte do trajeto da Carretera Austral fica espremido entre duas cordilheiras: a dos Andes e a do Mar. Quanto mais ao sul, maior o frio e maiores os riscos. Cachoeiras descem as montanhas por toda a rota. Lagos, rios, geleiras, picos nevados, densas florestas e bosques são vistos o tempo todo. Cada qual com sua peculiaridade, com detalhes coloridos que impressionam e tocam a alma.

Alugamos duas BMW G 650 GS em Osorno para fazer a Carretera Austral completa, de Puerto Montt a Villa O’Higgins. O projeto totalizou 1.654 km, incluindo os 1.247 km da Ruta 7. O cenário que nos envolveu é de uma beleza impressionante. Não conseguimos ficar um minuto sequer sem dar de cara com belezas inigualáveis, sob um céu de azul intenso sobre nossas cabeças. Fiquei emocionado em alguns momentos. Deus exagerou na dose quando criou esse lugar.

Para compensar tantas belezas naturais, as adversidades não poderiam ser poucas. Não me passava pela cabeça fazer mais de 1.000 km no rípio sem levar um tombinho. O problema foi que eu caí no trecho mais “mamão-com-açúcar”. Não se pode relaxar nesse tipo de piso. Meu companheiro estava na minha frente a mais de 80 km/h levantando uma poeira danada. Perdi completamente o campo de visão numa subida íngreme. E, de repente, surgiram na minha frente dezenas de pedras. Levei um tombo cinematográfico, mas não me machuquei graças à vestimenta adequada. Mesmo depois da queda mantive minha convicção de que pilotar no rípio é algo fantástico, ainda mais dentro daquele cenário maravilhoso.

Não gosto de comparativos, mas ainda não vi, nos 15 países onde estive, uma quantidade tão grande de paisagens belíssimas em espaço tão curto. As fotos podem dar uma pequena ideia disso.

Um pouco de história

A Carretera Austral foi construída em meados dos anos 1980, quando o ditador chileno Augusto Pinochet resolveu criar a própria rodovia sob a bandeira de levar o progresso aos recônditos desertos da Patagônia. Esta rodovia teve caráter estratégico, porque a região mais ao sul do país sempre foi objeto de conflito com os argentinos. Deve-se constatar que, se a Carretera Austral não causou o esperado impulso econômico, pelo menos permitiu desvendar um cenário fantástico de belezas naturais, fazendo dela um dos destinos mais cobiçados pelos aventureiros de todo o mundo.

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