Aventura em duas rodas: dois caminhos e um destino

Para conciliar viagem de moto com férias em família, aventureiro percorre sozinho o Nordeste e reencontra os familiares, que foram de avião, no Ceará

22/07/2014 16:39

Texto e fotos: Rômulo Provetti

As férias se aproximavam e meu desejo era conciliar uma boa viagem de moto pelo Brasil com alguns dias na companhia da família. Deixei o destino por conta deles e a escolha não poderia ter sido melhor: uma praia no litoral do Nordeste. Queriam um lugar tranquilo, onde pudéssemos desfrutar não só a companhia um do outro, mas também a beleza do lugar. O objetivo então era ir à bela praia de Pontal do Maceió, no pequeno município cearense de Fortim.

Desde o início eu havia definido que sairia de Belo Horizonte (MG) com minha moto, uma Harley-Davidson Heritage Softail Classic, e eles decidiram ir de avião. Comecei então a planejar o roteiro da viagem, que faria sozinho.

Matéria completa está na revista Duas Rodas de julho (466).

Já na estrada, passei dois dias percorrendo as estradas da Chapada Diamantina, conhecendo montanhas, rios, lagoas e grutas e descobrindo paisagens. Segui pelo Sertão, percorrendo lugares com árvores ressecadas e terra visivelmente carente de chuva. Em Cabrobó, cidade pernambucana, experimentei uma grande emoção. Estava em uma das regiões mais pobres e secas do Brasil e começou a chover. A água me refrescou e emocionou, pois pensei o quanto ela representava para a população local.

Já em Fortim, encontrei a família e passamos sete ótimos dias naquele paraíso. A praia de Pontal do Maceió fica em uma charmosa vila de pescadores. Ela vive no ritmo das idas e vindas das jangadas que trazem peixes e lagostas do alto mar, um excelente local para lazer e descanso.

Terminadas as férias com a família, retornei para a estrada. Resolvi não traçar a rota da volta para casa e optei por decidir cada destino um dia antes. O primeiro lugar que visitei foi o Parque Nacional de Jericoacoara, onde estão as famosas dunas e uma das mais belas praias do mundo. Minha intenção era deixar a moto em um estacionamento em Jijoca, porta de entrada para o parque, e pegar carona em uma picape 4x4 até a vila.

Ao chegar lá, fui abordado por um rapaz que conduzia uma pequena motocicleta. Ele me disse que eu poderia ir até a vila com a minha moto e se ofereceu para me guiar. Respondi que me orientaram a nunca fazer o percurso de moto, mas ele desdenhou: “depende da habilidade do piloto”. Acabei aceitando o desafio, apesar de desconfiar que fosse impossível chegar ao destino.

Baixei a pressão dos pneus e segui o guia à minha frente com sua pequena moto dançando pela areia. Os primeiros quilômetros foram tranquilos, havia terra e pouca areia. Depois entramos em uma trilha de areia em meio a uma vegetação rasteira, típica do litoral. A areia fofa tornou a pilotagem mais difícil. Em determinado momento, um bugue veio no sentido contrário, diminuí a velocidade e a moto atolou na areia fofa. Desci da moto e ela ficou em pé, sem precisar do descanso! Montei novamente, engatei a 2ª marcha e, apoiando os pés na areia para reduzir o peso, consegui sair com facilidade do atoleiro. Seguimos até a Lagoa Azul e estacionamos as motos ao lado de bugues e picapes 4x4. Várias pessoas vieram conversar e tirar fotos da Harley-Davidson que fazia enduro pelas dunas.

Cheguei a Belo Horizonte 30 dias depois da partida, sem nenhum contratempo e após 10.027 km percorridos por 11 estados brasileiros. Passei por todas as capitais nordestinas, vários parques, Sertão e o litoral, muitos lugares impressionantes que fazem do nosso país um dos mais lindos e incomparáveis do mundo.

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